DEZ TIPOS DE RENÚNCIAS QUE UM CRISTÃO DEVE FAZER...


RENÚNCIA... Breve Reflexão: (LC 9.23; 14.33; MT 16.24).

“... Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, RENUNCIE-SE a sim mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24) ARC.

A princípio, é de bom alvitre trazer a tona um sucinto significado etimológico desta palavra basilar para os cristãos: No Evangelho de Lucas temos o termo grego: “APOTÁSSOMAI”, com o sentido de “despedir-se, renunciar, abandonar” (Lc 14.33). No Evangelho de Mateus,a expressão é: “ANARNESÁSTHO”, imp., aor., de “APARNÉOMAI”, com a tradução de: “Negar-se a si mesmo como um ato totalmente altruísta, abrir mão de sua personalidade”. Temos ainda outra expressão que traz o meso sentido em Lc 9.23:“ARNESÁSTHO”: “Dizer não, negar”; conforme Chave Lingüística do Novo Testamento Grego, Editora Vida Nova.

O Novo Dicionário da Língua Portuguesa traduz do latim: “RENUNTIARE” como: “Abdicar do uso de um direito ou da posse legítima de qualquer coisa. Não querer. Desistir do desejo, renegar. Afastar-se voluntariamente, abster-se; por de parte uma vantagem, sacrificar-se...”.

Observando o amplo significado, de acordo com o vernáculo, concluímos que a palavra RENÚNCIA, vai muito mais além que um simples vocábulo. Entende-se que a“renúncia” na vida de um cristão deve ser “progressiva”; isto é, todos os dias devemos praticá-la com ascendência. Jamais poderá ser apenas uma bandeira, ou uma nomenclatura. Deve fazer parte da vida cotidiana em todos os sentidos.

Conforme já exposto, seu sentido é despedir-se com a conotação de abandonar. Uma autonegação, abrindo mão até de sua personalidade. Jesus explica o paradoxo do discipulado como: “Perder a vida é encontrá-la; morrer é viver”. Renunciar a si mesmo é não assumir certo ascetismo falso, externo, mas colocar os interesses do Reino em primeiro lugar na vida de uma pessoa. “Tomar a cruz” não significa apenas suportar algum fardo irritante, mas RENUNCIAR as ambições centradas em si mesmo. Tal sacrifício resulta na vida eterna e na experiência mais repleta de vida no reino e agora (Ver Mc 10-29-30).

Vejamos abreviadamente alguns tipos de renúncias que um Cristão verdadeiro tem por obrigação de fazer:

Conforme já salientamos, são muitas renúncias que devemos fazer ao longo da vida, mas vejamos apenas dez que considero um bom começo para que possamos parecer um pouquinho com Cristo:

1. A Renúncia do Ego (Lc 9.23; Mt 13.22). Esse tipo de renúncia dói um pouco. É Abdicar do impulso natural do homem caído, que costumeiramente quer sempre se sobrepor aos demais. Esse comportamento às vezes fica escondido nos porões da alma humana, e com muita tristeza, no coração de muitos que se dizem cristãos.

2. A Renúncia da carne (1 Jo 2.15-17). A carne é nossa maior inimiga. Paulo faz uma linda exegese da guerra entre as duas naturezas no Capítulo sete de Aos Romanos. É propício citar os imperativos que o mesmo Apóstolo Paulo delineia em Cl 3.1-13: 1º Buscai (Cl 3.1), 2º Pensai (v.2), 3º Mortificai (v.5), 4º Despojai-vos (v.8). 5º Revesti-vos (v.12) 6º Suportai-vos. 7º Perdoai-vos (v.13). É uma renúncia cotidiana...



3. A Renúncia do ódio (1 Jo 2.5,9). Não faz parte da ética alimentar ódio entre os outros, muito menos entre cristãos que dizem crer no mesmo Jesus. Para um parco vislumbre tal atitude é natural a pessoas individualistas. Entrementes, na vida cristã, o amor deve fazer a diferença entre nós e as trevas (Mt 5.16). Jamais um cristão deve alimentar dentro de si o ódio, essa palavra deve ser tragada pela renúncia.



4. A Renúncia da contenda (1 Co 3.3). Lamentavelmente, é o que mais encontramos entre os cristãos. Se fosse entre os ímpios, até que se poderia ponderar, afinal são ímpios. Paulo faz reclamos desta maligna atitude na Igreja de Corinto. Estamos em meio a diversas contendas, daí o aumento de denominações com os nomes mais estrambólicos que se possa imaginar. Essas novas denominações e outras atitudes, até de crentes que querem fazer de suas casas igrejas, na grande maioria tem o seu nascedouro naCONTENDA. Para o cristão verdadeiro a renúncia da contenda é uma meta cotidiana.

5. A Renúncia da maledicência (Tg 3.1-12). Esse tipo de renúncia não é fácil, pois através das palavras ditas, podemos tropeçar. Tiago faz a comparação do freio que se coloca na boca dos cavalos. “A língua é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza e é inflamada pelo inferno” (Tg 3.6). Tem muita gente tropeçando com acusações constantes a outros irmãos, só porque se acham mais santos ou os únicos certos. A Renúncia da maledicência é pertinente a estes.

a) Influências da Fala. Segundo a Palavra de Deus, a língua é como o leme de um navio (Tg 3.4), tem poder para governar. É como uma pequena fagulha, tem poder de destruição. (Tg 3.5). É como um membro venenoso, tem poder de contaminação (Tg 3.4). É como um chicote, tem poder de tortura emocional (Jó 5.21). Tem o poder de uma pena de escrever, marca o coração (Sl 45.1; 54.7). É como uma navalha afiada, tem poder para cortar relações. É como uma espada afiada, uma arma de guerra à curta distância (Sl 57,4). É como uma flecha, uma arma de guerra à longa distância (Jr 9.8).

b) Tipos de Pessoas com a Língua Enferma. Os escarnecedores (Pv 13.1; Jd 17-19) são aqueles que além de individualistas, são também cegos.Os difamadores (Pv 16.28; Sl 101.5; Sl 15.1-3) são aqueles que possuem uma doença crônica aliada à inveja. Os cochichadores (Sl 41.7), o mesmo que murmurador; aquele que gosta de falar coisas más em voz baixa, o mexeriqueiro e bisbilhoteiro. Existe ainda a falsa testemunha, o intrometido (I Pe 4.15), o futriqueiro. Pessoas impertinentes, que gostam de irritar com suas línguas ferinas. Esses, precisam com urgência exercer a santificação de suas línguas.

6. A Renúncia do Desamor (Jo 13.34,35). “... E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará...” (Mt 24.12). O que dizer de novas igrejas ou novos ministérios que deixam de ensinar sobre o amor e incitam o “desamor” nos novos convertidos? Em vez de promover a comunhão, instigam o combate, a disputa e a contenda. Esses pretensos doutos lamentavelmente prestam um desserviço a causa santa, criando partidarismo, individualismo com perícia em acusações. Para ser cristão é necessário AMAR, mesmo aqueles que não comungam com os pensamentos que achamos certos e santos. A crítica construtiva estimula o raciocínio, mas a crítica sarcástica suscita a ira. Sejamos embebidos das Palavras de nosso MESTRE: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós ameis uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Mt 13.34.35).



7. A Renúncia da Competição (Gl 5.20-22). Estamos vivendo no mundo das competições. Essa é uma doença dos séculos e mais acentuada nos tempos hodiernos. Tiago destaca esse comportamento como a sabedoria deste mundo: “Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é animal, terrena e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso, ai há perturbação e toda obra perversa” (Tg 3.14-16). ARC. O Apóstolo Paulo demonstra a santificação de nossos relacionamentos aos Filipenses: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).





8. A renúncia do Orgulho (Pv 8.13;16.18;Is 9.9; Mc 7.20-22). O orgulhoso traz consigo a egolatria da satisfação e vaidade. É um sentimento elevado que uma pessoa faz de si. Uma empáfia. Para entender bem o orgulho, basta estudar a natureza de Satanás. Suas prerrogativas são sempre de altivez. Veja a alegoria de como surgiu Satanás (Ez 28.14-17). “Em Isaias 14 vemos os passos de um orgulhoso e altivo: 1º Eu subirei ao céu (v13), 2º Acima das estrelas, 3º Exaltarei o meu trono 4º Me assentarei, 5º Subirei...”. Foi exatamente por causa do orgulho que surgiu o diabo. Hoje, com muita tristeza assistimos “supostos irmãos”, que fazem questão de exibir o orgulho religioso, como se sua denominação ou grupo iniciante fossem os únicos verdadeiros, deixando transparecer o seu nítido descaso aos demais irmãos. Alguns se esquecem de pensar que antes deles a Igreja já existia. Portanto, a renúncia do orgulho cabe muito bem a estes.

9. A Renúncia da Inveja (Gl 5.21). Podemos descrever a inveja como sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem, ou o desejo de possuir aquilo que os outros possuem. No grego: “Fthónos” (inveja) traz a conotação do desejo de se apropriar do que outras pessoas possuem, ou o desejo de privar o outro do que ele tem. A inveja tem causado muitos problemas a famílias, empresas, igrejas etc. Nem todos extravasam em alegria quanto um parente ou um “amigo” prospera. Por incrível que pareça alguns sentem inveja até da maneira que Deus usa certas pessoas. Enquanto não encontrar alguma coisa para intimidá-lo não sossega. Isso não deveria existir entre os cristãos.



10. Renúncia da Inimizade (Gl 5.20). O Cristianismo é tão belo e salutar! Os cristãos Deveriam promover amizades perfeitas e duradouras. Afinal temos muitas coisas em comum: A Bíblia Sagrada, Jesus, O
Espírito Santo, a Igreja, o céu, os dons e tantas ferramentas espirituais maravilhosas, que deveríamos viver um paraíso, um céu na terra através da koinonia. Mas para ponderar sobre isto, cito o Apóstolo Paulo: “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabais agora pela carne? (Gl 3.3).

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro Evangelho” (Gl 1.1). Na maioria dos casos esses que promovem a inimizades deixaram uma raiz de amargura crescer dentro de seus corações e brotar a REVOLTA dentre de si. Como fruto dessas reminiscências gera a confusão. Mas há uma solução: RENÚNCIA é a palavra de ordem para que as coisas regressem a normalidade espiritual.



Concluo com o Texto Paulino de 1 Coríntios 2.1-7:

“E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciado-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavra ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós,senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consiste em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. TODAVIA, falamos sabedoria entre os perfeitos, não porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória...”. (1 Co 2.1-7) ARC.



Shalom...

Pr. José Elias Croce.

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